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Não se sabe ao certo quem trouxe o
gelado ao mundo. Conta a história que os Árabes, na Sicília, decidiram unir à
frescura da neve do monte Etna à doçura de sumos de frutas e mel, descobrindo
uma bebida gelada muito saborosa. Mas só no séc. XVI surgiu o gelado numa forma
semelhante à dos dias de hoje. Para animar a corte de Catarina dei Medici, em
Florença, Bernardo Buontalenti criou o gelado. A forte emigração de italianos
no período da Guerra Fria e da Segunda Guerra Mundial fez com que o gelado chegasse
aos quatro cantos do mundo. Portugal não fugiu à regra.E muitos italianos
fizeram e continuam a fazer história no mundo dos gelados. É o caso dos Gelados
Itália:
Na Avenida da Igreja, no Bairro
de Alvalade, existe uma das casas mais antigas e consideradas de Lisboa na arte
de fazer gelados: a Geladaria Gelados de Itália, mais conhecida por Conchanata.
Propriedade de uma família oriunda
do norte de Itália, foi o avô de Michele Tarlattini - o actual proprietário -,
o responsável pelo nascimento dos gelados Conchanata. Na década de vinte
Quintilio Tarlattini viu-se obrigado a emigrar, escolhendo Portugal como destino.
Em Lisboa, fabricava e vendia gelados um pouco por todo o lado. Mais tarde, o
filho, Alfo Tarlattini, também veio para Lisboa e juntos trabalharam a arte de
fazer gelados inspirados em receitas de família. De tachos e panelas às costas
venderam gelados em várias zonas de Lisboa. Passaram pela Feira Popular, por Algés
e mais tarde montaram um quiosque na Av. De Berna com o nome “La Conchanata”.
Só em 1948 fundaram a actual Conchanata no Bairro de Alvalade.
Na época o bairro ainda estava em
construção. Os tempos eram difíceis e os gelados não se vendiam muito. O negócio
iniciou-se de forma lenta. O desafio era grande e as economias e esperanças
estavam todas depositadas na nova geladaria. Era preciso inovar, criar algo que
atraísse gente, não só pelo sabor mas também pelo aspecto visual. Razão pela
qual nasceu a especialidade da casa: a “Conchanata”. Imbuída de um espírito
vencedor, hoje é imagem de marca. Trata-se de um gelado servido numa taça em
formato de concha, constituído por quatro bolas: três bolas de gelado à escolha
e uma bola de nata, cobertas por uma deliciosa calda de morango. Agradável à
vista e ao paladar.
Desde sempre um negócio familiar
com funções bem atribuídas. Hoje é o neto de Quintilio Tarlattini que assume o
comando. Um modelo de gestão caracterizado por uma forte união familiar, capaz de
ao longo dos tempos superar as adversidades e rumar ao sucesso através de uma
qualidade constante no fabrico de gelados. Aqui os homens foram sempre os que dominaram
a arte do “saber fazer”, as técnicas para criar um gelado de excelente
qualidade. Por outro lado, as mulheres sempre assumiram um papel preponderante
na gestão e na criatividade.
Para muitos de nós o gelado é uma
experiência sensorial de sabores, cores e texturas. Apreciado por pequenos e
graúdos, estão normalmente associados a momentos de confraternização e boa
disposição. São nutritivos e refrescam em dias de calor. Funcionam ainda como
um complemento das refeições, capazes de criar sobremesas inspiradoras à vista
e ao paladar. Por vezes são também a dor de cabeça de muitas mães, quando as
crianças cheias de felicidade se lambuzam ao se deliciarem com um gelado bem
colorido e apetitoso.
A Conchanata é também uma das casas
responsáveis por imprimir animação à Av. Da Igreja. De dia e de noite os
clientes esperam pacientemente a sua vez para saborearem um dos gelados Conchanata.
Mas é à noite que se sente a diferença. Enquanto a maioria das ruas de Lisboa
se encontram desertas, a Av. Da Igreja tem vida. E este facto deve-se em grande
parte à Conchanata que na sua simplicidade atrai gente de todos os lados para
desfrutarem os sabores que refrescam as noites quentes de Lisboa. Na esplanada
ou passeando pela Avenida, grupos de famílias, crianças e jovens animam esta
zona de gelado na mão.
Os seus gelados são de fabrico
artesanal e produzidos diariamente. Há mesmo quem diga que são históricos. São
fabricados com frutas naturais, ovos e leite. Não existem corantes nem
conservantes. De textura cremosa e consistente, a variedade é grande. Há sabores
para todos os gostos. Uns doces, outros ácidos, todos são deliciosos: caramelo,
chocolate, baunilha, morango, ananás, doce de leite, kiwi, avelã, coco e maracujá,
são alguns exemplos.
A geladaria encontra-se aberta de
Fevereiro a Novembro. Desde as 14h até às 23h, os gelados estão sempre a sair.
Só fecham à segunda-feira para descanso. Nos meses de Dezembro e Janeiro
encontram-se fechados.
Experimentei. Foi uma enorme decepção.
ResponderEliminarEstá entre as melhores Geladarias de Lisboa. Prova disso são as longas filas para conseguir um gelado. Experimentámos e gostámos!
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