Caminhar pelas ruas de Alfama é uma aventura permanente...Um jogo?
Um jogo de orientação, talvez.
Local perfeito para jogar às escondidas. Lembram-se?
Com tantos recantos e um tal sobe e desce, que ninguém nos encontraria. São ruas e ruelas, becos e largos, escadas e escadinhas que viram hora para a esquerda, hora para a direita e num instante perdemos o norte.
São
casas caiadas de branco com telhados encarnados, onde as sardinheiras de cores
garridas, orgulhosamente se mostram nas varandas e janelas.
São os azuis dos azulejos
seculares que contam histórias e lendas e fazem lembrar um museu a céu aberto.
Aqui paira no ar o cheiro de
roupa lavada. Cheira a limpo, cheira a sabão “Clarim”. Tal e qual como se fosse
numa aldeia bem portuguesa. E é tão bom!
Quase apetece bater à porta e
perguntar:
- Há mais um prato na mesa?
Os cheiros da comida acabada de
fazer, levam-nos a adivinhar o que será o almoço. E depressa nos lembramos dos
nossos almoços e jantares na província.
Aqui o tempo corre mais devagar e
os sons distinguem-se. É uma gaivota que passa vinda do Tejo, é o barulho dos
estendais, é o bater dos saltos na calçada, são os pratos que se tocam numa das
muitas cozinhas do casario, é o rádio que se houve…E tudo “casa” na perfeição
como se de uma pintura se tratasse.
Vozes
e conversas bailam de rua em rua. Por entre as portas entreabertas das casas,
ou entre um apanhar de roupa da janela ou até mesmo uma ida à mercearia, tudo
são motivos para dois dedos de conversa. Nos adros das Igrejas os jovens
juntam-se, conversando ou ouvindo música trazem alegria às praças.
As tascas são o ponto de encontro
das gentes de Alfama, onde os assuntos “quentes” do dia são discutidos na
companhia de uma bebida.
E com o cair da noite, o fado
brilha, como pequeninas estrelas que pintam Alfama nas muitas casas que cantam
essa canção cheia d’ Alma Lisboeta.
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